FACES OF DEATH
EVIL

Uma das bandas mais talentosas do fértil cenário de metal extremo no Brasil, o Faces of Death chega ao terceiro álbum de estúdio apresentando novidades não apenas na formação, com Laurence Miranda (vocal e guitarra) e Sylvio Miranda (baixo) dando boas-vindas a Luiz Amadeus (guitarra) e Niko Teixeira (bateria). Em Evil, lançado pela parceria entre os selos Impaled, Master, Gerunda Produções e Gate Of Doom, o quarteto paulista abraça mais o thrash do que o death metal num bem-sucedido resgate dos anos 1980 e 1990. A primeira referência salta aos ouvidos logo de cara, na faixa-título: Sepultura. Apesar do começo espancador e de um quê de Slayer na parte mais cadenciada (com um dos muitos riffs de guitarra que se destacam ao longo da audição), a fase Beneath the Remains é o que norteia uma música que tem todos os elementos do estilo bem trabalhados e com ótimas transições. E se Stronger Than You também não esconde o respeito e a admiração pela maior banda da história do metal nacional, há muito mais em Evil: a veia punk dá as caras em Bloody Cross, When Calls Death inclui doom metal na receita, e a mistura fica ainda melhor na arrastada Hanging Out With the Devil, que traz uma parte acústica, ressaltando até a linha de baixo, que ficou impecável. E você consegue imaginar o Motörhead fazendo thrash metal raiz? O Faces of Death traduziu essa ideia em Lemmy Said One Day…, que apresenta outro destaque do CD: as letras, que em sua maioria tratam de temas concretos e trazidos ao debate, como política e religião. Mas It’s Calling Me Out… Suicide, que aborda a doença do século, a depressão; A Monster in the Park, sobre o assassino serial Francisco de Assis Pereira, conhecido como Maníaco do Parque; e Kiss of Death, uma porrada sonora com um riff mágico para tratar do incêndio que matou 242 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 2012. Tudo, do conceito gráfico à produção, embalada por músicas em alto nível.

9,0
Daniel Dutra